Amamentação era o que mais me preocupava durante a gravidez. Tinha medo de não conseguir, medo de não ter leite, medo de sentir muita dor... E porque pensava tanto nisso? Porque nossa sociedade prega que “Amamentar é um ato natural e constitui a melhor forma de alimentar, proteger e amar o seu bebê.” Não há dúvidas quanto aos benefícios da amamentação (falarei mais a seguir), mas não concordo que seja um ato natural e intuitivo, é um processo que precisa ser aprendido para que posteriormente proporcione prazer e interação.
Algumas mulheres se adaptam à amamentação com rapidez e sem enfrentar grandes dificuldades. Mas muitas mães de primeira viagem acham o processo complicado. Conheço mães que não conseguiram amamentar, por diversos motivos, e isso não as torna menos mãe, ou não significa que não ame seus bebês. Amamentar é difícil! É sofrido! E nem sempre é possível. Mas caso seja a vontade, é necessário encorajamento e apoio para práticas apropriadas de amamentação.
Benefícios para o bebê:
O leite materno contém proteínas, glicose, gordura, vitaminas e água, ou seja, todos os nutrientes que o seu bebê necessita para ser saudável e se desenvolver. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o governo brasileiro recomendam a amamentação exclusiva nos primeiros 6 meses de vida das crianças, e a manutenção do leite materno na alimentação até 2 anos de idade ou até mais.
Estudos mostram que o leite materno possui anticorpos que protegem a criança contra infecções - como gastroenterites, doenças respiratórias, infecções urinárias e otites. Também reduz o risco de o bebê ter doenças mais graves, como diabete e leucemia, e diminui a tendência a problemas alérgicos como asma e dermatite.
Além dos agentes protetores sempre presentes no leite materno, a mãe que amamenta pode produzir outros anticorpos específicos assim que entra em contato com uma infecção. Esses anticorpos passam do leite para a criança.
Benefício para a mãe:
- Ajuda o útero a regressar ao seu tamanho normal mais rapidamente;
- Reduz risco de ter câncer de mama pré-menopausa e câncer de ovário;
- A amamentação protege da osteoporose;
- A amamentação exclusiva protege da anemia (deficiência de ferro). As mulheres que amamentam demoram mais tempo para ter menstruações, por isso as suas reservas de ferro não diminuem com a hemorragia mensal;
- Amamentar emagrece - queima calorias e por isso ajuda a mulher a voltar, mais depressa, ao peso que tinha antes de engravidar;
- Amamentar é muito conveniente e prático. Você não terá nada para lavar, esterilizar, preparar e carregar.;
- E, por fim, não se pode esquecer um dado importantíssimo: amamentar é grátis! Fórmulas infantis são caras e podem pesar em qualquer orçamento. Sem contar todos os apetrechos necessários, como mamadeiras, bicos e esterilizadores.
Preparando-se para amamentar
O que meu obstetra recomendou: Não passar sabonetes e cremes e esfregar de leve com a toalha depois que saia do banho.
O que eu fazia: Seguia as recomendações, eventualmente usava uma bucha vegetal e no último mês consegui um cantinho do apartamento e tomava sol nos mamilos por 10 minutos de manhã cedo.
O que concluí, após ler bastante à respeito, está descrito aqui: “O seu próprio corpo é o principal responsável pela preparação dos seios para a amamentação, portanto o mais importante mesmo é preparar seu espírito. Para isso, o melhor a fazer é se informar o máximo possível sobre o assunto antes de o bebê nascer. Esteja preparada para as dificuldades, mas não precisa ficar apavorada. Use toda a ajuda possível enquanto estiver na maternidade, pois lá há pessoas especializadas e que cuidam disso todos os dias. “
Como amamentar
Certifique-se de escolher um local bem confortável antes de começar. O ambiente é muito importante, especialmente nos primeiros dias da amamentação, quando você ainda está se adaptando e aperfeiçoando a técnica. Reserve um local calmo, silencioso e tranquilo. Não tenha pressa. A amamentação é um processo interativo - tanto você quanto o bebê têm que estar conectados. A amamentação ajuda a construir a relação entre você e seu filho. Ao amamentar, existe um contato único do bebê com sua pele, seu cheiro e seu aconchego. Mamãe, evite telefone, TV... Seja só do seu bebê.
Ache uma boa posição. Uma boa posição é aquela em que a mãe e o bebê estão confortáveis. Tenha travesseiros e almofadas (não precisam ser necessariamente especiais para amamentação) por perto. Apóie os pés em um banquinho se precisar, a fim de que a parte superior das pernas fique reta e que você não tenha que forçar os músculos para manter o bebê na altura correta. Segure o bebê de modo que seus braços e suas costas não fiquem doloridos. É preciso "levar o bebê ao seio", e não "levar o seio ao bebê".
Dizem que o segredo de uma amamentação bem sucedida está na pega. A pega incorreta causa desconforto à mãe, podendo ferir o mamilo e interferir na alimentação do bebê.
Então, você deve fazer o seguinte: aconchegá-lo na dobra do seu braço, na altura dos seus seios, de forma que o corpo dele fique encostado ao seu, barriga com barriga; O nariz do bebê deve estar ao mesmo nível do mamilo; O bebê deve ser capaz de alcançar o peito facilmente, sem ter que se esticar nem girar a cabeça; A parte interna do braço dele é colocada para baixo, perto da lateral do corpo dele; Deixe a boca do bebê tocar levemente seu mamilo, a fim de provocar o reflexo necessário (A criança encontra o seio pelo toque, não pela visão ou pelo cheiro -- embora esses outros sentidos tenham alguma influência);
Essa é a posição tradicional, existem outras maneiras (invertido, cavaleiro) e é bom variar de vez em quando. O bebê pode gostar de outros ângulos além de aliviar um pouco o atrito naquele ponto em que seu seio está sensível. Eu utilizei muito a posição de cavaleiro, pois meu bebê demorava muito para arrotar e essa posição era favorável, pois ele ficava mais ereto.
Qual seio oferecer?
A composição do leite é diferente no início e no final da mamada. O leite do início da mamada é mais aguado e contém a maior parte das proteínas e açúcares. Este leite inicial serve para saciar a sede do bebê. À medida que mama, o leite vai se tornando progressivamente mais rico em gordura. O leite do final da mamada é rico em gordura e por isso tem mais calorias (é a sobremesa! "engorda" mais do que o leite inicial). O bebê necessita tanto do leite inicial como do leite final. Por esta razão, é importante deixar que mame completamente do primeiro peito antes de oferecer-lhe o segundo.
Na mamada seguinte, deve começar por oferecer ao bebê a mama que ficou mais cheia (aquela que antes tinha oferecido em segundo lugar e na qual o bebê mamou menos tempo ou aquele em que não mamou).
Observe os movimentos do bebê para saber se está mamando bastante (por isso é importante estar concentrada naquela atividade). Você pode ver que ele está sugando e também ouvir o som da deglutição. Também é comum você sentir um pouco de dormência ou pontadas no seio como reflexo da produção de leite, mas nem todas as mães sentem isso. Em qualquer caso, para saber que o bebê está mamando bem, observe:
- se ele parece satisfeito depois de mamar;
- se ele está ganhando peso;
- se ele está expelindo tudo o que come (em geral, um recém-nascido terá de 6 a 9 fraldas úmidas em um período de 24 horas. a urina será amarela-clara e quase inodora.
Os impulsos de crescimento dos bebês podem confundir as mães, especialmente as de primeira viagem. Geralmente eles acontecem a cada 3 ou 4 semanas e o bebê parecerá muito mais faminto que o normal. Esse período dura em média 3 dias. Mas esse é assunto para um próximo texto.
Nos primeiros dias, é comum os seios ficarem ingurgitados (cheios demais) e é desconfortável. Aos poucos o organismo vai produzindo a quantidade necessária para seu bebê. Você também sentirá uma sede descomunal. Beba MUITA água. Deixe sempre uma garrafinha ao seu lado.
Existem muitos textos sobre amamentação e é um assunto muito vasto. Achei um bom guia aqui:
O aleitamento requer prática. Tenha paciência e encare cada mamada como mais uma experiência para o seu aprendizado. Lembre-se de que a maioria dos problemas relacionados à amamentação é temporária. Por isso, se você estiver se sentindo um tanto desanimada, antes de desistir, converse com seu médico e com amigas que estão amamentando ou já amamentaram.
-atitchum-